sexta-feira, 25 de julho de 2008

Montevideo

Sei que muitos já estavam ansiosos pela história completa da nossa viagem, vai aí ela, agora com as benditas fotos (e correções de gramática e ortografia...)!


DIA 1 Porto Alegre - Pelotas

Depois de muita conversa, preparo, pesquisa e tudo mais que envolve uma viagem de moto, finalmente demos partida para Montevideo no Uruguay. Nesta vez tivemos duas estréias, o Barea e o Marco Antônio. Nenhum deles tiveram uma experiência dessas ainda: 2200km numa moto. Na verdade esta viagem pra mim também é uma superação, pois 5 dias numa moto pra mim também era novidade.

Nos encontramos no velho posto BR da D. Pedro, a ansiedade era grande pois, além das novidades, a chuva era certa, só não sabíamos se seria muita ou pouca. Como desde os preparativos da semana já sabíamos que choveria, estavamos com a seguinte premissa:

Dane-se a chuva!!!




Saímos às 12:55 numa viagem tranquilíssima, mesmo tendo rolado uma garoa por boa parte do percurso. Lá pelas 17:00 estávamos no hotel em Pelotas. A próxima parada lógica seria no Chuí, como não queríamos pegar a noite no Taim (além da pressão do Barea pra olhar o jogo do Inter, decidimos andar somente 260km e ficar em Pelotas.

Estávamos no quarto dando um tempo para sair pra jantar, de repente toca o telefone era o porteiro do hotel preocupado que tinha começado a chuva e ia molhar as motos. Saímos pra jantar a pé. Melhor, pois com a lei seca isso significava que poderíamos beber à vontade.




Eu, pessoalmente gosto muito de Pelotas, mas cada vez que venho aqui, sinto mais que a cidade tá largada. É uma cidade linda, mas precisa ser restaurada, prédios, ruas... A chuva nos obrigou a andar a pé pela cidade e conhecê-la um pouco mais, fica aqui nossa opinião.

Viagem é assim, muita conversa, muitas idéias e planos, e como de costume muita comida, pra variar paramos numa cantina que o Marco Antonio conhecia em Pelotas, show de bola. Nada como matar quem está querendo matar a gente...falo da fome, claro. Nada como comer, beber e dormir bem, afinal no outro dia teríamos 600km para rodar.




DIA 2 Pelotas - Montevideo

Acordamos às 6 da manha, arramarmos as coisas tomamos café e saímos faceiros para pegar as motos para encarar os 600km que terrìamos até MVD, passando por Punta. Logo que saímos na rua, descobrimos que a chuva que havia começado ontem, ainda estava lá.

Saímos mesmo assim, era uma garoa fraca, que somado com a neblina da manha deixava a paisagem, digamos assim, desafiadora...

Viagem de moto tem dessas coisas, é necessário ser programada com antecedência para que se possa preparar todos os detalhes, a única coisa que nao dá pra prever é o tempo. Neste caso nao havia mais escolha, teriamos que encarar. E foi o que aconteceu.



Começou com uma garoa em Pelotas e acabou com uma chuva torrencial desde Pan de Azucar até Montevideo. Chuva, vento e frio somados num percurso mais longo é uma combinaçao complicada, nao tem roupa impermeavel que resista, principalmente luvas e botas que acabam molhando por dentro e fazendo com que passássemos frio.

A coisa começou a apertar mesmo foi no Taim, que mesmo com chuva é um lugar maravilhoso, só que os carros estão cruzando lá com muita velocidade, quem está de moto tem que redobrar o cuidado. Talvez esta seja a causa de ter tanta capivara atropelada no caminho.

Um outro causo inusitado foi num posto de gasolina no Taim, encontramos um motocilcista de Macapá que estava voltando do Chuí. Ele cruzou de Oiapoque até o Chuí numa XT660, uma fera, ficamos um bom tempo conversando e trocando idéias sobre viagens.

No Chuí para para abastecer, atravessamos para o Chuy (uruguaio) cambiamos uma grana e tomamos um café pra esquentar e compramos um Jack Daniel´s, que aliás foi um grande amigo presente nesta viagem.

Fizemos a imigraçao na Aduana, tranquila demais, foi tao tranquila que até colaboramos com o churrasquito que iria rolar naquela semana. 200 pesos e os caras ficaram reclamando, resolvemos sair correndo dali antes que eles musdassem de idéia e resolvessem encrencar com algo.

As paradas foram em cada 120km, para abastecer e esperar o frio passar, mas que isso era inviável, uma parada muito legal foi em Rocha pra abastecer, acabamos num paradouro com uma parilla acesa. Nunca tinha imaginado que o fogo era tao bom. Comemos um Entrecot bem na frente do fogo, onde aproveitamos pra deixar nossas luvas e balaclavas pra secar.




Mas a festa durou pouco, logo que saìmos de Rocha, em seguida começou tudo de novo. Com as luvas molhadas em seguida sentimos frio na mao, tanto que desisitimos de ir a Punta, a chuva apertou e resolvemos ir direto para o hotel em Montevideo.

Chegamos tão cansados no hotel que nem a tradicional foto da chegada rolou. Ficamos no Hotel Balfer, um hotel antigo, no centro de MVD, muito bem localizado. Abrimos as mochilas para ver se tinha alguma coisa seca dentro delas, por mais que se coloca capa nas mochilas, sempre entra alguma água quando se toma muita chuva, fica uma dica aos viajantes: aquilo que não pode molhara em hipotese alguma, coloque dentro de sacos de plástico.

Em seguida estabelecemos nosso QG:





DIA 3 - City walk

Sinceramente, por mais que se leve na esportiva uma chuva com a de segunda-feira, nao dá pra negar que ela acaba provocando na gente uma certa frustracao.

Ontem, logo depois que terminei o post e saí do computador, dei uma olhada para a rua. Tinha muito vento e aquela garoa fraca que nos perseguia desde o caminho de POA até pelotas. Como, apesar do frio, dava pra caminhar na rua, decidimos colocar uma roupa mais quente um gorro na cabeça e partir para um city walk pelo centro da cidade.

Logo que saímos para a rua, o desânimo se foi, a garoa em seguida acabou ficando somente o vento e frio. Foi entao que descobrimos que teríamos um grande dia.

Montevideo é realmente muito bonita, muitos prédios antigos, a maior ou pelo menos uma boa parte deles bem conservados, caminhamos pela 18 de julho até a praça central, onde tem o monumento e túmulo do Gen. Artigas, descendo até ao porto. O vento estava muito forte, que chegava a formar ondas grandes que batiam no cais dando um espetáculo à parte.







O Marco Antônio era nosso operador de turismo, como nao era marinheiro de primeira viagem aqui em MVD, conhecia vários pontos interessantes da cidade, passamos pelo Buquebus que faz transporte de passageiros para Buenos Aires e logo depois entramos no famosíssimo Mercado Del Puerto, o lugar mais clássico para se comer uma parrillada por aqui, vários restaurantes típicos, muito bem organizado e limpo. Excelente!




Ainda bem que estávamos a pé pois depois de tanto entrecot, vacio, chorizo, quesos e otras cositas mas que comemos tivemos que caminhar de volta para o hotel. Logo que saímos do mercado uma grande surpresa: apareceu timidamente o sol, o que já foi suficiente para secar o chao molhado da chuva. Voltamos rapidinho para o hotel e pegamos as motos para dar uma volta pela Rambla.





Andamos os 20km da Rambla até Carrasco voltando por pocitos, Punta Carretas e outros bairros chiques de MVD.

Achamos a loja da Harley-Davidson, paramos as motos lá e entramos para ver como era. Curiosamente, o dono da loja já sabia quem éramos, pois um cara que encontramos com uma HD na estrada no dia anterior num posto em Pan de Azucar já havia falado para ele. Uma loja bem legal, organizada, com bons preços, um pouco acima da tabela HD dos EUA, mas bem abaixo do que os praticados Brasil.



Partimos para o estadio Centenário, o Barea queria tirar uma foto na frente do estádio para publicar na revista do Inter, logo que chegamos na volta do estádio fomos parados pela polícia, na eu estava na frente e confesso que jamais imaginei que era a polícia, pensei: "Putz, até aqui tem esses caras querendo cuidar de carros estacionados..", passei batido pelos caras, daí que me dei por conta do que era. Pwnseio comigo, "Pronto, lá vai mais um churrasquito....", até agora ninguém entendeu porque nos pararam, só checaras os documentos do Barea e do Marco Antonio, os meus nem quiseram, olharam as motos e ainda deram a dica que poderíamos entrar no estádio.

Para um estádio de 1930, o qual serviu de palco para a primeira copa do mundo, ele está muito bem cuidado. Tiramos as fotos e ficamos imaginando como seria assistir um jogo ali. Até pensamos em assistir um jogo mas o próximo só seria no domingo Penharol x Defensor, deve ser um jogao, sei lá...





Após uma passadinha básica no Punta Carretas Shopping, voltamos para o hotel e saímos depois para um pub na Ciudad Veija, o El Pony Pisador da foto:



Foi um dia e tanto, porém tivemos que mudar um pouco os planos, Não iríamos mais a Rivera e sim voltar pelo mesma estrada, que é mais curta e passaríamos na volta por Punta del Este que ficou para trás na segunda.

DIA 4 - Colonia del Sacramento

Legal o passeio de ontem, mas a estrada estava nos chamando. Colonia fica a 180km de MVD, as estradas no Uruguay, pelo menos las rutas pricipales são muito boas, bem sinalizadas, e com visual muito legal, consição ideal pra se andar de moto que, por sinal são isentas dos pedágios cobrados nestas rodovias. A ruta 1 que vai até lá, está com boa ou talvez a maior parte dela duplicada.





Dia com pouco sol, nublado, pouco frio, decidimos ir de jeans ao invés de usar o equipamento pra viagem, assim não precisava ficar arrastando jaqueta e andando de calça impermeável por lá. O "conforto" teve suas consequencias, chegamos em Colonia, batendo-queixo.

Demos uma caminhada pelo lugar e paramos num restaurante na beira do rio. Colonia tem um visual muito bonito e acolhedor, vários restarantes, lugares históricos, na minha opinião é quase que como um passeio à parte, passar uma noite lá deve ser muito legal. Ruínas, praia, arena de touradas, muita coisa pra se ver por lá.





Com o frio que passamos eu estava decidido a passar numa loja da Columbia que tinha lá em Colonia pra comprar um daqueles coletes pra colocar por baixo da jaqueta. Acabou que todos compraram o mesmo colete, foi a salvação, pelo menos aliviou a volta onde pegamos a noite da estrada.

DIA 5 - Volta para POA via Punta del Este.

Chegamos a pensar em parar na volta em Pelotas de novo pra não pegar a noite na estada, mas achamos melhor tocar direto, na verdade já estávamos ansiosos para voltar pra casa mas sabíamos que teríamos 900km pra rodar num só dia e que isso não seria fácil.

Logo que saí do estacionamento do hotel, vi que a rua estava molhada, sinal que havia chovido e não fazia muito, o céu estava nublado, não parecia que ia chover mais. Saímos pela rambla até a a saída da cidade apra Punta, logo que pegamos a ruta olhei para o lado sentido nordeste e vi que lá na frente estava caindo água pra valer, logo começou a nossa velha e "amiga" garoa, que em seguida virou chuva.

Mesmo assim fomos até Punta, não deu pra fazer muita coisa além de uma volta de moto na chuva pela cidade. Conseguimos parar em Punta Ballenas para uma foto, o vento estava muito forte, nem tiramos os capacetes e saímos logo dali para dar uma passada no hotel e casino Conrad em Punta de Este, um luxo só. Aliás Punta é muito chique , acho que toda a grana do Uruguay está por ali, mansões, muitos iates, muito lugar bacana. O Barea adorou...hehe.




Saímos correndo de punta para pegar a Ruta 9 que vai para o Chuy. Entramos na ruta e apertamos um pouco o passo, como a estrada é calma e muito boa, deu pra andar um pouco mais rápido pra ganhar um tempo para uma parada no free shop no Chuy.

Pra mim free shop no Uruguay é so pra comprar vinho, perfume, doce de leite e alfajor e o melhor deles é em Rivera, não curti muito Chuy, mas mesmo assim valeram os 30 minutos de compras.

Dali em diante foi um tiro até Pelotas, com uma parada estatégica para uma foto clássica no Taim, agora com sol e muito vento também tentei deixar a camera sozinha pra tirar a foto dos tres no por do sol, mas ela não ficava em pé.



Depois do Taim, foram duas paradas para abastecer as motos e tomar um café. Chegamos em casa pelas 23:00, praticamente sem bunda depois dos 900km.

Longos percursos em uma moto acabam se tornando um grande momento de reflexão para quem pilota. Como não é possivel conversar com alguém, a viagem se torna, eu, minha moto e a estrada. É algo como esvaziar a cabeça de assuntos estressantes e deixar espaço para fazer planos para o futuro, planejar outras viagens, acertar coisas que estão em conflito comigo mesmo, coisas assim, um tempo para colocar a casa em ordem.

Foram 5 dias e 2200km onde tres pessoas que se uniram para um desafio. Numa das paradas na volta conversámos sobre isso, havia um expectativa de como seria a viagem, pois nos conheciamos pouco, e sabíamos que viagens como esta é necessário muita cooperação de todos para não dar nenhum desentendimento, mas o balanço final foi:

- Senso comum quando era necessário tomar uma decisão de onde ir e o que fazer.
- Calma mesmo nos momentos mais complicados como ficar rodando na chuva sem encontrar o lugar que se está procurando
- União e parceria em tudo o que se estava fazendo.
- Muita, mas muita disposição para dar risada.

Fica aqui um agradecimento especial às esposas e aos amigos que nos incentivaram e apioaram neste feito.

Até a próxima!!